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quinta-feira, 2 de março de 2017

O que nos reservará a curto prazo o futuro da Académica?


 
A actual direção da AAC/OAF iniciou funções há nove meses, tendo pela frente um cenário desportivo e financeiro que se antevia muito complicado. A Académica tinha descido à 2ª liga, previa-se uma quebra muito significativa das receitas anuais e, alegadamente, a Direção terá encontrado os cofres vazios e um conjunto de compromissos para satisfazer a curto prazo.
Louve-se, por isso, a coragem de quem, neste contexto, assumiu responsabilidades directivas.
Todavia, nenhum sócio responsável e minimamente atento à vida da Académica ignoraria este cenário e muito menos quem se dispôs a concorrer ao acto eleitoral.
Destes era suposto que tivessem uma percepção, ainda que aproximada, da situação que iriam encontrar e que tivessem equacionado um plano de contingência para lhe fazer face.
Destes esperava-se, também, que ao fim de nove meses já tivessem solicitado uma auditoria externa às contas para que os sócios soubessem a verdadeira situação em que encontraram a instituição quando tomaram posse.
Não é sério que ao fim deste tempo se continue a justificar tudo pelos erros do passado sem assumir, também, responsabilidades próprias, quanto mais não seja por inexperiência ou displicência.
1 – Um plano de reestruturação, visando a redução da despesa não existe ou, pelo menos, nunca foi divulgado. São do conhecimento público, apenas, as rescisões contratuais com jogadores efectuadas no início da época, que, diga-se em abono da verdade, contribuíram para a redução da massa salarial da equipa profissional e o empréstimo em Janeiro de dois atletas (Fernando Alexandre e Tozé Marreco).
O redimensionamento do quadro de funcionários, indispensável em qualquer instituição que atravessa uma crise financeira, não foi feito. Justifica-se que um clube como a Académica tenha cerca de 30 funcionários (não incluindo jogadores e técnicos) que correspondem a um encargo mensal de, pelo menos, 50.000 euros?
2 – O aumento de receitas resumiu - se a medidas pontuais: venda de património e dos direitos desportivos de um jogador. E agora? A que medidas irão recorrer porque o património vendável ter-se-á esgotado e jogadores susceptíveis de proporcionarem um retorno financeiro a curto prazo não se vislumbram?  
3 – No capítulo das receitas importa, ainda, recordar algumas verbas já recebidas ou a receber pela Académica.
As vendas do edifício dos Arcos do Jardim  e do jogador Pedro Nuno terão rendido cerca de 900.000 euros, aproximadamente 610.000 do imóvel porque existiria uma hipoteca de 90.000 euros e entre 250.000 e 300.000 correspondentes a 75% do passe do atleta.
A estes 900.000 euros devem somar-se 500.000 dos direitos televisivos referentes à presente época desportiva, 120.000 provenientes do Fundo de Solidariedade da UEFA  e outros proveitos (divida da Câmara Municipal, patrocínios, nomeadamente, nas camisolas, receitas das apostas desportivas, apostas online e Placard, rendas das lojas do estádio e pavilhão e renda do bingo, etc.), valores mais difíceis de quantificar para um observador externo, mas que estimamos em cerca de 450.000 euros.
Em resumo, esta época terão entrado, ou virão a entrar, nos cofres da Académica cerca dois milhões de euros.
4 – Face a estes números, que desmistificam algumas meias verdades postas a circular, são pertinentes algumas perguntas que acabam por se transformar, em virtude dos recentes resultados desportivos, em verdadeiros gritos de revolta!
Teria sido necessário emprestar o Fernando Alexandre, que era um elemento preponderante para atacar a subida?
Não teria havido margem financeira para ter reforçado a equipa em Janeiro com dois ou três jogadores para lugares onde as carências são confrangedoras?
Porque é que atiraram precocemente “a toalha ao chão”?
Não fazia parte dos planos da Direção a subida de divisão?
5 – A Direção e o seu Presidente deviam saber (será que não sabem?) que a única maneira de alcançar, a curto prazo, alguma estabilidade financeira passa por recuperar as receitas perdidas com a despromoção à 2ª liga, estimadas em cerca de 3 a 4 milhões de euros. De igual modo, deviam ter consciência que quanto mais tempo durar a permanência na 2ª liga maiores serão as dificuldades, nomeadamente na captação de  recursos financeiros. 
É, pois, pertinente perguntar: como vai ser o futuro a curto prazo? Onde vão desencantar o dinheiro?
 
 

Na verdade, o regresso na presente época à 1ª liga e o consequente retorno financeiro que daí resultaria, parece ter-se transformado, em virtude dos recentes resultados desportivos, numa miragem.
Os activos imobiliários ou outros transformáveis em fontes de financiamento terão acabado. 
Mecenas não se encontram. Investidores para uma SDUQ é coisa que não existe.
Empréstimos bancários sem garantias pessoais sólidas não encontram receptividade nas instituições financeiras.
Finalmente, o insucesso da recente operação designada por Missão Briosa ilustra o impacto que este tipo de iniciativas tem nos sócios e adeptos e a indiferença do tecido empresarial da região perante os problemas financeiros da Académica.
Por isso, Senhor Presidente, desculpe a minha insistência: onde vai encontrar financiamento para construir uma equipa para atacar a subida de divisão na próxima época?
Vá lá, desvende o tabu? Ou, então, não existe nenhum tabu (será mesmo que não há?) e ficaremos, tranquilamente, à espera que um dia possa ocorrer um novo milagre da multiplicação. Primeiro foi o da multiplicação dos pães, depois dos peixes e agora será o dos euros?

   


 

  

 

 

 

 

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