somos briosa

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Quo vadis Académica?



A Académica vive um momento crítico no plano desportivo e financeiro a que se juntou um período eleitoral que tem tanto de exotérico e burlesco como de preocupante.
Termina hoje o prazo para a apresentação de candidaturas ao próximo acto eleitoral e, concomitantemente, acaba a “noite das facas longas” iniciada na primeira semana de Novembro de 2015. Recorde-se que no final de Outubro tinha sido entregue ao Presidente da A.G. um requerimento que solicitava a convocação de uma A.G. Extraordinária para a destituição da direção que dias mais tarde foi retirado por alguns dos subscritores com a anuência do Presidente da A.G., sendo que outros, entre os quais o primeiro subscritor, discordaram publicamente dessa decisão.
Seguiu-se, durante meses, um processo kafkiano que acabou por gerar a única lista candidata a todos os órgãos sociais, que constitui o produto final de uma série de desavenças, traições, vinganças e cisões que ocorreram durante a “noite das facas longas”.
Uma lista que surge liderada pelo mais improvável, menos experiente e pouco ou nada interventivo na vida da Académica de todos os putativos candidatos e composta por elementos que carecem de experiencia, afirmação e maturidade.
O que pensa e o que pretende para a Académica o candidato a Presidente da Direção? Qual projecto a curto e médio prazo? Que fontes de financiamento tem asseguradas? Como tenciona resolver o problema de liquidez que se coloca no imediato? Como vai colmatar a redução significativa das receitas? Que dependências existem em relação a alguns empresários? Estas são algumas das perguntas que exigem, da parte de quem se propõe dirigir os destinos da Académica, respostas claras, inequívocas e transparentes!
Num momento em que era indispensável união e solidariedade entre todos para ultrapassar a difícil situação em que nos encontramos prevaleceram, em detrimento da Académica, o sectarismo e os narcisismos pessoais.
Quo vadis Académica!

 

terça-feira, 17 de maio de 2016

Para reflexão dos sócios




A despromoção da Académica criou uma situação dramática não só no plano desportivo como no financeiro.
Às debilidades financeiras resultantes de um passivo significativo juntam-se necessidades imediatas/curto prazo relacionadas com dividas à Autoridade Tributária e à Segurança Social, reforma de letras, rescisões de contratos com muitos dos actuais 17 jogadores que têm vínculo contratual até 2017, redimensionamento da estrutura que conta com um número excessivo de funcionários e construção de uma equipa minimamente competitiva para disputar a 2ª Liga mesmo que não seja com o objectivo de subir na próxima época.
Acresce que a partir de 30 de Junho os cofres deverão ficar vazios porque cessa o contrato de cedência dos direitos televisivos e a maioria dos contratos com patrocinadores. 
Em contrapartida, as receitas vão diminuir drasticamente, particularmente o retorno dos direitos televisivos, que constituíam, até agora, o principal suporte orçamental, dos contratos publicitários e da bilhética, sobretudo porque na 2ª Liga não há jogos contra o Benfica, Sporting e Porto. Não andaremos muito longe da realidade se apontarmos para uma redução nas receitas da ordem de dois a dois milhões e meio de euros!
Como e onde se vai buscar dinheiro que proporcione, no imediato, liquidez e que durante a época minimize a redução significativa das receitas, já que a redução de despesas com jogadores e funcionários e a contenção e racionalização dos gastos ajuda mas não será suficiente?
Tarefa muito difícil que exige experiencia, engenho, credibilidade, coragem e grande capacidade de “net working” para encontrar parceiros que estejam dispostos a ajudar porque acreditam na capacidade e potencialidades da marca Académica.
Os sócios terão a última palavra quer na Assembleia Geral do próximo dia 19 quer no acto eleitoral marcado para o dia 11 de Junho.
É imprescindível, por isso, que os sócios tenham consciência que estamos numa situação de emergência e que todos não somos muitos para a enfrentar. Não é o tempo para posições sectárias ou guerras fratricidas, mas é a hora de conciliar e não de segregar, de agregar e não de dividir, de procurar soluções e não de inventar mais problemas. Só unidos e solidários conseguiremos ultrapassar esta situação.
Em nossa opinião, após a demissão da direção este processo não foi conduzido da melhor maneira. A marcação imediata de eleições foi um acto precipitado que não teve em conta nem a complexidade de problemas desportivos e financeiros que se vão colocar à nova direção nem a escassez de tempo que ela terá para os resolver.
Pensamos que a nomeação de uma Comissão Administrativa teria sido a solução que, neste momento, melhor defenderia os interesses da Académica. Desde logo porque sendo nomeada na Assembleia de 19 de Maio disporia de 41 dias até ao início da época enquanto a direção que vier a ser eleita, apenas, terá 18 dias. Depois porque sendo uma comissão de gestão com caracter transitório (4 a 6 meses) seria previsível que se pudesse constituir um elenco agregador, credível e suficientemente forte para enfrentar este primeiro embate. Finalmente, porque a marcação das eleições para uma data posterior daria mais tempo para o aparecimento de projectos credíveis e sustentáveis.
Pelo futuro da Académica desejo que não nos venhamos a arrepender por não ter sido nomeada uma Comissão Administrativa.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 12 de maio de 2016

E depois do adeus


 
A demissão da Direção foi a primeira consequência da despromoção da Académica para a segunda liga.
É verdade que o ambiente estava, desde há muito, irrespirável, é verdade que a 24 de Outubro foi anunciado a antecipação das eleições para o final da época, é verdade que as divergências no seio da Direção eram conhecidas, é verdade que o Presidente demissionário estava, cada vez mais, isolado, mas não é menos verdade que foram os resultados desportivos que acabaram por desferir a “machadada” final.
A história desta época desportiva é incompreensível e prova o desnorte que se instalou no seio da direção. Os sucessivos erros cometidos ilustram o amadorismo, a displicência e, mesmo, a irresponsabilidade que caracterizaram a gestão desportiva da Académica.Desde a estruturação inicial do plantel (fraco e limitado), à manutenção até à quinta jornada de um treinador que não obteve um único ponto substituído por outro sem experiencia nem qualidade, até à recusa em reforçar criteriosamente a equipa no mercado de Janeiro, um pouco de tudo se registou nesta cronologia que tinha todos os condimentos para terminar em tragédia.
Infelizmente, também, falhou o que em muitas das últimas 14 épocas permitiu a manutenção na 1ª Liga: não houve duas equipas piores classificadas nem ocorreu nenhum “milagre”!
Independentemente do juízo de valor que cada um possa fazer sobre os mandatos do Presidente demissionário impõe-se, em nome da verdade factual, reconhecer o que de positivo foi alcançado, nomeadamente 14 anos de permanência sucessiva na 1ª Liga, sequência, apenas, superada pela de 1949 a 1972, conquista, 73 anos depois, da Taça de Portugal, participação meritória, após um interregno de 41 anos, nas competições europeias e a construção da Academia Briosa XXI.
Em contrapartida, reconfirmou-se que a sucessiva renovação dos mandatos acaba por conduzir a lideranças autoritárias, discricionárias e pouco clarividentes, ocorrendo, não raras vezes, um processo de enquistamento progressivo que as torna, progressivamente, mais displicentes, ineficazes e, tendencialmente, autistas.
São disto exemplo o distanciamento em relação aos sócios e adeptos, a incapacidade para fazer pontes com a cidade, a academia e a região, a impotência para promover a Instituição e potenciar os seus êxitos, o diálogo difícil ou, mesmo, inexistente com outras instituições e agentes desportivos, a ausência de uma política solidamente estruturada para a formação e prospeção, a falta de motivação para implementar uma gestão desportiva ambiciosa e sustentável ou a falta de vontade para redimensionar e requalificar a estrutura sobredimensionada do OAF.
Chegou a hora de mudar, mas assumir os destinos da Instituição nesta fase é uma tarefa ciclópica e não é para todos. Não basta ser uma personalidade afável e um academista dedicado e voluntarioso. É indispensável um projecto realista, consistente e sustentável protagonizado por alguém experiente, credível, determinado e com capacidade de “net working” para promover, dinamizar e potenciar a marca Académica.
Só assim será possível materializar, com sucesso, o pensamento subjacente às palavras de Agustina Bessa Luís quando escreveu “o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa”.